WILLIAM MEDEIROS: caricaturas que vão além da olhada primeiro!

O artista verdadeiro não tem pátria. Nem mátria. No caso desse artista não é a língua que ele usa para se comunicar com os seus. Ele usa os traços, riscos que, se soltos estivessem, nada diriam. Não haveria comunicação.

Um artista que nasceu na vizinha cidade de Campina Grande e ganhou o país com o seu bom humor e capacidade de externar esse humor que sabe fazer como poucos em ideias e traços que dizem mais que mais de mil palavras.

William Medeiros é um craque na arte de “desenhar a vida” com humor. As suas caricaturas ou “calunguinhas”, como muita gente pouco informada pode chamar, falam tudo sobre o caricaturado. Não apenas se reconhece o escolhido na caricatura feita por ele, vai-se além, descobre-se também toda a sua – do caricaturado – história.

As suas caricaturas vão além desse reconhecimento na primeira olhada. Se a primeira impressão é a que fica, reconhecido primeiro o caricaturado sentimos o que ele estaria dizendo e o que somente ele poderia ou gostaria de dizer. A caricatura perfeita é assim: ver-se todo o corpo e gestos do caricaturado.

As caricaturas de William Medeiros não ficam apenas no rosto e no olhar distorcido do caricaturado. A alma, para esses que nela acreditam, salta também nessa impressão primeira. Mesmo que seja apenas um rosto “distorcido” na sua – ou nas – característica(s) mais marcante(s), imagina-se andar, o sorriso, gritos e silêncios do dono desse rosto.

Os seus cartuns e charges, mesmo sabendo que somente os primeiros são atemporais, conseguem sobreviver por muitos anos pela carga artística que carregam em si. As suas ideias quase sempre servem de pauta, viram notícias no dia de sua publicação e até muitas vezes mesmo depois.

Um cartum de William, assim como os de poucos neste engraçado país, vale por toda uma reportagem e, em especial, para dizer – editorial – o que pretende a linha do jornal onde trabalha. Tenho visto charge de William que, apesar da atemporalidade acima mencionada, merece ser guardada como “testemunha da história”. Elas, as suas charges, contam de forma bem humorada a história de um país onde o povo está acostumado a sorrir da própria desgraça.

Mais que um artista que sabe fazer do humor uma arma mordaz – o humor bem feito desmoraliza qualquer autoridade por mais séria que ela seja – contra a “seriedade” do país acostumado a posar assim, William é um historiador que usa o seu inspirado bom humor para a  história desse país  contar.

Afinal, o humor, ele sabe disso e outros bons artistas desse “grupo de risco” sabem também, não pode nunca ser “a favor”. O incrível, porém, é que, mesmo sabendo disso, alguns idiotas ainda insistem em tentar limitar – ou cassar de uma vez por todas – a liberdade do artista apenas pelo fato de o mesmo ser contra tudo isso que existe por aqui e em alhures.

Os cartuns de e charges e caricaturas de William Medeiros caminham de braços dados com a nossa história.