algumas das minhas cenas preferidas na tela da memoria

algumas das minhas cenas preferidas na tela da memoria

Eu gosto que me enrosco quando assisto a um filme e ele fica aquele tempão feito quadro colorido na parede da minha memória. Vou dormir e o mocinho e a mocinha, tão bonitinhos de toca, ficam ali, agarradinhos, trocando beijos no escurinho do cinema.

A mocinha gostosinha, a bochecha (epa!) mais linda do mundo, e pintada de carmim.  Ele, pela sua vez, posando de Sansão, matando um leão e achando a coisa mais natural do mundo. O mocinho? Sacando o revolver mais rápido do oeste, pulando do cavalo para escapar das armadilhas dos bandidos, tirando o chapéu e mostrando que o penteado continua o mesmo.

Existem filmes que com uma cena e apenasmente uma, como diria o Lima Duarte na pele do Sinhozinho Malta, personagem que nunca gostei e que parece ter gostado demais do Lima Duarte, tanto que nunca lhe abandonou, entram em nossas telas (da memória) para nunca mais sair. Tudo bem. Prometo não usar mais o “nunca” daqui pra frente. Agora some a esse meu desgostar do Sinhozinho Malta, o fato de ele ser um chupador sem caráter do espetacular Coronel (e o Lobisomem) do José Cândido de Carvalho.

Eu por exemplo nunca vou esquecer o Kirk Douglas de O ultimo Por do Sol, com aquele vocal de apoio – tudo bem, banking vocal -, três mexicanos afinadíssimos, cantando Cucurrucucu Paloma do Tomás Méndez, sob uma noite enluarada!E como esquecer o Cinema Paradiso do “fio de Ariadne” que a mãe de Totó deixa desfiar ao levantar-se da cadeira para receber o filho depois 30 anos longe dela?

Mas, entre as cenas que carrego nessa cabeça de cinéfilo, sem lembrar mais uma vez os beijos censurados de Cinema Paradiso, tem uma que, como disse aí no parágrafo primeiro, eu gosto que me enrosco.  Qual é? Entrego: a dança final de Anthony Quinn em Zorba, o Grego, ao lado de Alan Bates, naquela praia desolada!Esquecer? Como?!

 E a famosa frase no embalo da trilha sonora de Mikis Theodorakis, “Dançamos com a cabeça e um sorriso no rosto, os braços são apenas para dar o equilíbrio!”?!

Puta que los pares, como diria o meu irmão Dapenha, troco de roupa e vou morar noutra cidade!  Mas sair da minha memória de cinéfilo essa nunca mais há de!

Casablanca? Ora, 1berto! Como esquecer a cena em que Rick (Humphrey Bogart) ao ver Ilse (Ingrid Bergman) deixando o seu famoso bar, ao lado de Victor Laszlo (Paul Henreid), uma dor de corno de matar de inveja o Reginaldo Rossi, maldizendo aquele momento, e perguntando “Tantos bares, em tantas cidades em todo o mundo, e ela tinha que entrar logo no meu?!”.

Se este escriba for falar de suas cenas preferidas em Casablanca, vai precisar não só de 1berto, mas de milhares. Portanto, para terminar, lembro Ilse perguntando a Rick, com a sua partida, o que sobraria para eles. E Rick sem mover um só músculo do rosto respondendo “Nós sempre teremos Paris”! Diria o Roberto Carlos, nessas lembranças, se cinéfilo ele fosse: “São tantas as emoções”.

Por fim, somente quem não assistiu – uma coisa rara – a Shane (Os Brutos também Amam) de George Stevens, de 1953, pode esquecer o garoto Joe Starret (Van Heflin) gritando para o ídolo que acabara de matar o perigoso bandido Jack Wilson (Jack Palance) “Shane! Shane! Come back!”!

Passaria meses e cenas assim passando pela minha cabeça todo o tempo do mundo não passariam. Uma só e apenas uma dessas cenas pode ser a entrada para a história do cinema. Mas, se depois de uma cena dessas, eles conseguem criar outras e outras, como outro dia lembrarei, citar apenas uma é uma crime. Por isso paro por aqui. Fico. Melhor.

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