O meu rosto na abertura do país. Melhor: na abertura de uma cela no Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo- DEOPS – SP.
Eles usavam um eufemismo para não chamá-la de “Casa da Tortura”. Nada disso, diziam. O objetivo era prevenir e reprimir delitos considerados de ordem política e social contra a segurança do Estado.
O meu amigo conhecedor da história, queria mostrar essa parte da história (triste história) ao escriba. O lugar é tétrico. Mesmo quem desconhece sua história, ali sente calafrios. Entra calado e calado sai. Somente respeito. Somente lamentos.
Entrei.
Os muitos brasileiros ali torturados parecem ainda gritar. E gritam! Não por socorro, mas para que não deixemos que esse triste episódio aconteça de novo. Não acontecerá. Não deixaremos
Os espaços são mínimos para que os corpos daqueles homens “exercitassem a democracia”. O espaço, para o banho de sol, permitia apenas a entrada de poucos raios. Pausa. Raios que partam os sacanas que fizeram daqueles tempos os mais tristes do verde-amarelo.
Controle, repressão e resistência. Muita tortura ali era tramada. Ou quando não, recebia aqueles que não se deixavam domesticar pelo regime do “eu mando, posso e se você assim não quiser temos armas – e apoio – para isso”.
Não gostei.
Confesso que não gostei. Ninguém de bom-senso gostaria. Só os doente. E temos muitos. Infelizmente. A memória do verde-amarelo é falha.
Saí dali e a memória trouxe essas cenas terríveis comigo. Precisamos melhorar a nossa história urgentemente. O povo nas ruas pode contribuir para isso. O Memorial da Resistência ficou na minha memória. Não resisti. Hoje é um quadro a gritar na sua – da memória – parede.