(Um texto de J.M.Victor)
O certo é que poucos governadores da Paraíba tem livros publicados. José Américo, que governou na década de cinquenta, chegou a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. “A Bagaceira” é reconhecida nacionalmente como a obra introdutora do regionalismo no país. Depois publicou três novelas (Reflexões de uma Cabra, Coiteiros e Boqueirão) de pouca expressão no meio literário, a ponto de Gustavo Barroso, em contrapartida, escrever “Reflexões de um Bode”, e Francisco Mangabeira Albernaz “Tosquia de um Escritor”, criticando o livro Coiteiros. Depois veio um livro de poemas e vários livros de memórias.
Em minha opinião, “A Parahyba e Seus Problemas” é o seu Magnum Opus. Seus discursos entraram na relação dos melhores do Brasil. Consegui quatro discursos recitados na minha terra natal, que serão publicados brevemente com o título de “A Presença de José Américo na Cidade de Patos”.
Em seguida, o patoense Ernani Sátyro e Sousa, que governou o estado na década de setenta, ocupou cadeiras em várias Academias de Letras. Sua obra de maior destaque é “O Quadro Negro”.
No período do seu comando na Paraíba, o meu tio Edivaldo Mota fazia oposição ao governo, com um grupo radical denominado de “Os Tupamaros”. Esses deputados ameaçaram tocar fogo no livro defronte ao palácio da Redenção. Não chegaram a tanto, mas Edivaldo, com sua verve mordaz, dizia que o livro era tão ruim que depois de sua publicação o Ministério da Educação passou a adotar nas escolas “O Quadro Verde”.
Manuel Bandeira publicou dez poemas dele na famosa “Antologia Brasileira de Poetas bissextos contemporâneos”. “Dia de São José” é um inédito que aguardo com bastante curiosidade. Tem apenas um livro de poesia intitulado “O Canto do Retardatário”.
Tenho a primeira edição de todos os livros citados nessa crônica.