Por que prenderam Dulcídio (*)

Por que prenderam Dulcídio (*)

 

Published on 25/11/2015 by Paulo Ghiraldelli

Afinal, prenderam Dulcídio do Amaral. Mas por que uma coisa dessas? Ele é corrupto? Do que se trata? Os jornais falam a verdade?

Dulcídio foi preso por tentativa de obstrução das investigações da Operação Lava Jato. Qualquer cidadão, de qualquer tendência política, se realmente for um cidadão, deve comemorar isso. O presidente do senado torna-se pessoa comum no ato que cometeu. Se não é assim, não há a República. Pessoas com poder político e econômico não podem de modo algum interferir em investigações. Se a República funciona, ela prende quem faz essa tentativa de modo a garantir que ao menos a própria investigação continue caminhando. É de lei. Está correto. A democracia liberal e a República brasileiras estão funcionando, ao menos quanto a essa investigação, a Lava Jato.

O brasileiro desinformado ou, então, informado maliciosamente pelo grupo de jornalistas marrons que serve o governo (pagos com o nosso dinheiro), centralizados na figura de Nassif, soltam na Internet o boato de que a justiça brasileira não funciona, pois não prende Cunha e blá blá blá. Bobagem. Cada prisão precisa se fundamentada, e muito bem fundamentada. Um passo em falso numa prisão e o seu condutor perde a capacidade de dirigir a investigação. A Lava Jato está caminhando exatamente pelo seu cuidado, prudência, rigor. Tem realizado ações só baseadas em bons indícios. Cada linha de investigação é checada várias vezes a partir de fontes diversas da “delação premiada” e de documentos que são passados em mãos de vários investigadores e do juiz em questão. Nenhum preceito constitucional foi rompido. As pessoas presas foram presas pois se achavam imunes, acima da lei, e julgaram a Polícia Federal a partir de suas visões regionais e mesquinhas. Eis aí o problema.

Dulcídio foi preso principalmente pelo seu cabelo. Não por razões estéticas, embora essas devessem contar para alguma coisa nele, para depreciá-lo objetivamente. Mas que ele foi preso por algo que tem a ver com o seu cabelo, isso não deixa de ser verdade. Seu cabelo é de caboclo dos anos setenta. E sua mentalidade é essa. O cabelo é o exterior bem apropriado do interior do seu cérebro. Ou seja, conseguiu projeção ao ser relator do Mensalão e levar a bom termo a coisa, mesmo sendo do PT. Chegou à liderança do PT no senado. Todavia, nunca conseguiu ultrapassar a visão de um vereador de alguma cidade pequena de seu estado. Caso tivesse alguma visão do que é o Brasil, e de que tipo de praxe hoje dá o tom para a nossa justiça e a Polícia Federal, não teria feito o que fez. Funcionou aí a mentalidade do vereador do interior, o político que resolve as coisas na base da gorjeta gorda. Dulcídio é tão despreparado que talvez nem saiba que existe internet e como que a polícia atualmente vem rastreando supostos envolvidos na Lava Jato.

Os petistas que, em outras eras, sabiam bem manipular o que havia de mais avançado na mídia, agora tomam um banho da Polícia Federal. Deixam rastro em todo lugar. Não notam que, no mundo atual, a transparência de certas ações se faz por si mesma. O PT já nasceu meio velho, uma vez que não demorou muito para usar de fórmulas bolcheviques para fazer o partido ser o que é. Mas agora, dá sinais não de envelhecimento normal, mas de senilidade mesmo. Continua na prática política centralizada e repetindo clichés de esquerda que não valem nada. Além disso, continua roubando como nos tempos da velha política, a que o partido um dia disse que iria combater. Às vezes a ação ilegal é tão nítida que a justiça fica até constrangida. É como a Alemanha diante do Brasil. Quando ocorreu o 7 a 1, os alemães começaram a ficar incomodados, começaram a ficar em dívida para com o time da casa. Quase que pediram desculpas pelo massacre. Eles queriam só ganhar, não humilhar.

A prisão de Dulcídio, sendo ele dono daquele cabelo, mostra tudo sobre o PT de hoje. Parece que o PT se espelha na sabedoria de seus adversários, os coxinhas. Mas o faz com o cabelo do Dulcídio, que mostra o tempo e a região própria do PT.

Paulo Ghiraldelli, 58, filósofo.

* Dulcídio, afinal. OK?

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