Nada de falar em experimentalismo. Afinal, como não foi dito e agora aproveito para dizer aqui, experimental é tudo que é música.
Sobre o pregado e conhecido experimentalismo do Jaguaribe Carne, esse que conheci de perto e de longe nos longos dias que passei longe daqui, George Glauber falou muito bem no seu “Jaguaribe Carne: Experimentalismo na Música Paraibana”. Assim, sem a menor preocupação, resolvi traçar algumas mal-traçadas a respeito da história de Pedro Osmar x Jaguaribe carne.
Nenhum esforço é preciso.
Naqueles anos, entre os de 70 e 80, por aí, morava este Malabarista de palavras e filho do Compare Heráclito e Dona Chiquinha na Rua Senhor dos Passos, essa mesma por onde acabei de passar e, todo saudoso, mostre a Rosa a casinha de placa 141. Foi ali onde espalhei passos leves de crianças e enchi aquela casa de sorrisos somente alegria. Era dali, daquela casinha, que todo ou quase todo dia saía para a casinha de palha da Rua Da Paz, hoje (Professor Renato Carneiro da Cunha (Péssima e infeliz troca de nome), onde o mais emblemático componente e fundador do Jaguaribe Carne ensaiava os seus primeiros acordes num violão de poucas cordas no quintal de casa.
O Filho de Osias e Isabel, Pedro Osmar Gomes Coutinho, naquela casinha que virou uma “referência musical” do nosso – quase escrevo apenas “meu” – bairro, o violão silencioso no canto da sala, ouvia operas e clássicos de Mozart, Beethoven, Liszt, Wagner e outros clássicos de escolas outras, tocados pelos LPs que o irmão Osias, amante declarado e visível dessa música, colecionava.
Agora, nesse exato momento, com o bom livro de Glauber sobre a música e a história do Jaguaribe Carne, que na verdade se resume mesmo nos dois irmãos, Pedro Osmar e Paulo Ró, volto a passear por aquelas imagens, paisagens e viagens.
Foi ali mesmo, na casinha da Rua da Paz, através do “inventor” do Jaguaribe Carne, Pedro Osmar, que fui apresentado a dezenas de artistas que, mais tarde, descobriria ser todos de uma maravilhosa cepa musical.
Pedro era aquele que nos apresentava as “novidades”. Trazia-as de muito longe, do Rio de Janeiro, que naquela época era mais longe que a mais longe das cidades além-mar. Era uma gente que por aqui ninguém tinha ouvido falar e, se alguém falasse, não falaria dessa gente melhor do que Pedro.
Pedro vivia, como ainda hoje vive, lembro-me bem, sem quaisquer estrelismos dos novos artistas. Um dia, outra bela lembrança, trouxera desse mesmo Rio o primeiro LP de Zé Ramalho, autografado, e com uma dedicatória inesquecível:
- “Pedro, tu és Pedra! Somos do Caminho”!
Nem sei o meu amigo Pedro ainda dela se lembra. Nunca me esqueci.
Em síntese? Parabéns meu amigo Pedro, “Tente me ensinar das tuas coisas/Que a vida é séria e a guerra é dura/Mas se não puder, cale essa boca, Pedro/E deixa eu viver minha loucura…”